A queda. Lenta. Inexorável.
O grito. Longo. Silencioso.

As manhãs eram pura agonia.

Ao fechar os olhos, sonhou vermelho-velho: uma música lenta, violenta e feia tocava ao fundo.

Ao acordar, o futuro pareceu-lhe o sonho.
O cheiro doce do asfalto me atrai, mas seu sabor amargo revela: é uma prisão, um labirinto invisível. 
Braços e pernas fazem força para se mover. A cabeça sustenta um peso maior que o mundo; não resiste: mantém-se baixa.
Ilusões elétricas: as distâncias aumentam e diminuem. Ao fim do dia, a consciência se fecha. E o olhar. 
Enterrou sua mente num buraco fundo de sua infância e permaneceu assim durante todo o dia.
Pensamentos crocantes,
Fragmentos dementes.
O olhar parado de espanto e raiva,
uma folha em branco, silêncio.